top of page

Estenose de JUP

      A estenose da junção ureteropiélica (JUP) é uma das causas mais frequentes de obstrução do trato urinário superior, sendo responsável por grande parte das hidronefroses congênitas. Trata-se de uma anomalia congênita que se caracteriza pelo estreitamento do ureter próximo à pelve renal, o que pode causar a redução, ou até paralisação do fluxo urinário através do ureter e evoluir com perda progressiva da função renal. A estenose da JUP ocorre em cerca de 1 a cada 1000 a 1500 recém-nascidos, sendo 2 vezes mais comuns no sexo masculino e podendo ser bilateral em 5 a 15 % dos casos.

    Embora a maioria dos casos seja congênita, as manifestações clínicas podem ocorrer apenas em períodos mais tardios da vida. Historicamente, a apresentação mais comum em neonatos e lactentes é a descoberta de uma massa palpável no flanco. Entretanto, com o uso da ultrassonografia no pré-natal, realizada a partir da 28ª semana gestacional, ocorreu um acentuado aumento no número de casos de recém-nascidos assintomáticos diagnosticados com hidronefrose, muitos dos quais apresentam estenose da JUP. Em crianças, as possíveis manifestações clínicas normalmente aparecem após um ano de idade, podendo apresentar-se como falhas de crescimento, alterações alimentares, infecções do trato urinário, além de sepse, dor ou hematúria relacionada à nefrolitíase.

      Mesmo assim, alguns casos podem não ser identificados corretamente no período neonatal, passando despercebidos e sendo diagnosticados apenas mais tardiamente, durante a adolescência ou na vida adulta. Nessa situação, a estenose da JUP represa o fluxo urinário na pelve renal, levando a um quadro progressivo que pode se manifestar como dor intermitente no abdômen ou no flanco, por vezes associada com náusea, vômito e manifestações gastrointestinais. Hematúria espontânea ou até mesmo associada com um trauma menor também pode ser um sintoma inicial. Raramente, hipertensão pode ser uma apresentação encontrada. Achados laboratoriais de micro-hematúria, piúria, ou infecção urinária franca também podem levar um paciente, até então assintomático, a procurar atendimento médico.

      O tratamento da estenose de JUP poderá ser cirúrgico ou clínico, dependendo das características específicas de cada caso, sendo direcionado a partir da avaliação de diversos fatores, tais como: função renal, grau de dilatação e obstrução renal, e ocorrência de infecções urinárias de repetição. Cerca de um terço dos casos tem

indicação cirúrgica de tratamento, com o objetivo de retirar a região de estenose, restabelecendo uma função renal normal. Já o tratamento clínico é realizado através da observação constante do paciente, repetindo-se exames de imagem periodicamente e comparando-os com os exames anteriores, com o objetivo de acompanhar a função renal e o grau de dilatação e obstrução do rim. Caso ocorra piora desses pacientes em seguimento clínico, o tratamento cirúrgico será indicado.

​

Texto: Camila C Carvalho

​

Referências:

WEIN, A. J., KAVOUSSI, L. R., NOVIK, A. C., PARTIN, A. W., PETERS, C. A.,

Campbell-Walsh Urology. 11 ed. Elsevier, 2015.

Guia de medicina ambulatorial e hospitalar de urologia/ Coordenadores Marcos

Dall’Oglio...[et al.]. – Barueri, SP: Manole, 2005. – (Guias de medicina ambulatorial e

hospitalar/ UNIFESP/EPM).

http://www.uropedjf.com.br/astherlab/uploads/arquivos/cartilhas/Estenose_da_Juncao_

UreteroPielica_JUP.pdf

bottom of page