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Fórmulas Infantis

 

 

 

 

 

 

 

 

Existem no mercado diversos tipos de fórmulas para alimentação de lactentes. Assim, vale a pena revisar os principais pontos de cada uma delas:

 

O leite materno é considerado o alimento ideal para a nutrição completa do bebê, pois além do completo valor nutricional, apresenta propriedades imunológicas essenciais, motivos pelos quais a Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde recomendam que até os seis meses de idade, as crianças sejam alimentadas exclusivamente pelo leite materno.

            Porém, por variados motivos, existem mulheres que não conseguem amamentar. Para estes casos foram desenvolvidas as fórmulas infantis, com o objetivo de substituir o leite materno por um alimento de qualidade e alto valor nutricional. Antes do sexto mês, deve ser utilizada a fórmula de partida e, a partir do sexto mês, a fórmula de segmento.

            A fórmula infantil é um composto em que se utiliza a proteína do leite de vaca ou soja intacta ou hidrolisada, e todos os demais componentes são acrescidos, nas proporções recomendadas para a faixa etária indicada. Existem vários critérios para a indicação da melhor fórmula infantil, entre eles podemos citar: faixa etária, indicação clínica, função gastrointestinal, requerimentos nutricionais e fluidos do paciente, via de administração, características dos nutrientes, densidade calórica, intolerâncias, alergias alimentares e custos. A tabela a seguir indica a composição nutricional do leite humano, do leite de vaca integral e da fórmula infantil.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

As fórmulas infantis são desenvolvidas para atender às necessidades nutricionais de lactentes, conforme preconizado pelo Codex Alimentarius - FAO/OMS e pela Sociedade Européia de Gastroenterologia, Hepatologia e Nutrição. O leite de vaca integral, preferencialmente, não deve ser introduzido antes de 12 meses de vida, entre outras razões, pelo elevado risco para o desenvolvimento de anemia carencial ferropriva. Para o leite fluido, o processo de fervura pode comprometer também o conteúdo de vitaminas do complexo B, como o ácido fólico. Outra preocupação importante diz respeito ao conteúdo proteico elevado do leite de vaca, comparativamente ao leite materno, propiciando aumento da carga renal de soluto e estimulando a produção de IgF1, fato que tem sido identificado como de risco para o desenvolvimento de obesidade. Há ainda elevadas quantidades de sódio, potássio e cloretos que, à semelhança das proteínas, contribuem para elevação da carga renal de soluto.

 

 

Quais os tipos de fórmulas que existem?

As fórmulas são diferentes entre si para atender as exigências nutricionais de cada fase do desenvolvimento de um bebê ou necessidades especiais. Por isso, seu uso deve ser sempre recomendado por um pediatra ou nutricionista:

 

 Para prematuros: esse tipo de fórmula possui uma composição diferenciada para oferecer os nutrientes que um bebê prematuro precisa, além de ser modificado para facilitar a digestão. Geralmente possui mais proteínas, misturas e gorduras bem balanceadas e adição de ácidos graxos específicos, essenciais para o desenvolvimento cerebral, visual e psicomotor. Vale lembrar que muitas vezes esse tipo de fórmula é apenas um complemento, já que os especialistas no geral recomendam que o bebê prematuro seja alimentado com leite materno, recebendo principalmente o colostro.

 

 Fórmulas de partida: atendem as necessidades nutricionais de crianças saudáveis até seis meses de idade. A lactose é o principal carboidrato e são acrescidas de amido, sacarose e maltodextrina. “O teor protéico é maior que o do leite materno e as gorduras podem ser acrescidas de óleos vegetais com a finalidade de melhorar a digestibilidade. A composição dos ácidos graxos de cadeia longa é modificada para se chegar num ideal para o desenvolvimento do sistema nervoso central. Estas formulações têm também um teor maior de micronutrientes em relação ao leite materno, como ferro e aminoácidos”, diz João Coriolano Rego Barros, pediatra da Sociedade Brasileira de Pediatria.

 

 Fórmulas de seguimento: são as fórmulas para o segundo semestre de vida da criança e o diferencial é um maior teor de ferro, já que a quantidade de proteínas é semelhante aos leites do primeiro semestre.

 

 AR ou Anti Refluxo: esse leite um pouco mais engrossado foi criado exclusivamente para bebês que apresentam regurgitação - o refluxo gastroesofáfico (RGE).  Ele é similar às fórmulas da fase de partida, mas, além dos carboidratos habituais, possui amido de arroz ou milho pré-gelatinizado que se espessa em contato com a secreção gástrica, minimizando o refluxo.

 

 Fórmulas sem lactose: pela imaturidade gastrintestinal, alguns lactentes são mais sensíveis à lactose e apresentam sintomas de intolerância, como dor, distensão abdominal e choro persistente. Apesar disso, a má absorção de lactose geralmente não é considerada como um fator determinante nas crianças com choro persistente e as fórmulas completamente isentas de lactose são necessárias apenas para uma população muito limitada. Os resultados dos estudos com fórmula infantil sem lactose em lactentes com cólicas são divergentes, não havendo evidências para sua recomendação. A fórmula com proteína parcialmente hidrolisada e baixo teor de lactose (20%) pode adaptar-se melhor à fisiologia imatura do trato gastrintestinal do lactente com sintomas de transtornos gastrintestinais leves que, conforme apresentado pode não tolerar adequadamente a proteína intacta e grandes quantidades de lactose geralmente encontradas nas fórmulas de início. Os lactentes com transtornos gastrintestinais podem ainda se beneficiar dos baixos teores de lactose, importantes para a melhor absorção de cálcio e mineralização óssea.

 

 HA ou Fórmulas Hipoalergênicas: fórmula infantil à base de proteína do soro do leite parcialmente hidrolisada, o que confere uma característica hipoalergênica ao leite, sendo recomendada para crianças com histórico familiar de alergia ao leite de vaca.

 

 Fórmulas à base de soja: podem ser um substituto para crianças com mais de seis meses que são alérgicas a proteína do leite de vaca, com intolerância a lactose ou para famílias que optam por uma alimentação vegetariana. Estas fórmulas são feitas à base de proteína isolada de soja, isentas de lactose e sacarose. Geralmente contém mais vitaminas e minerais e são suplementadas com aminoácidos.

 

As fórmulas infantis mais frequentemente utilizadas em lactentes alérgicos ao leite de vaca consistem de hidrolisados de caseína, de soro de leite ou de proteína de soja. Fórmulas à base de proteína de leite de vaca totalmente hidrolisada (eHPF) são quase sempre eficazes (97%) em lactentes com alergia à proteína do leite de vaca de início imediato ou tardio. Entretanto, nenhuma das fórmulas hidrolisadas está completamente livre de alérgenos, e reações graves raras às eHPF já foram descritas. Em casos graves resistentes ao tratamento com eHPF ou em pacientes com alergias alimentares múltiplas, são necessárias fórmulas à base de aminoácidos.

 

O uso de fórmulas à base de proteína de soja para a alergia ao leite de vaca é um tanto controverso. Em geral, não se aconselha introduzir um novo alimento, como soja, em pacientes com barreira da mucosa ativamente inflamada, lesada e hiperpermeável por pelos menos 1 mês, para não torná-los sensíveis a outro alérgeno potente. Além disso, as alergias concomitantes podem estar presentes em um indivíduo apesar de não existir uma "reação cruzada". A prevalência de concomitante intolerância à soja em lactentes com alergia ao leite de vaca varia consideravelmente (0-60%) em diferentes estudos, dependendo dos critérios usados (se estudos controlados por placebo foram realizados ou não). Em um estudo que empregou testes de provocação controlados por placebo, 14% dos lactentes com alergia ao leite de vaca do tipo I (IgE+) apresentava alergia à soja. Uma maior probabilidade foi observada na enterocolite não mediada por IgE. Um estudo prospectivo e randomizado recente incluindo 170 lactentes com alergia ao leite de vaca abordou esse tema. Os lactentes receberam tratamento com proteína de soja padrão ou eHPF à base de leite de vaca. O resultado foi que 10% reagiu à soja, enquanto que apenas 2.2% reagiu à fórmula hidrolisada. A incidência de problemas alérgicos foi a mesma nos pacientes IgE positivos e negativos. Os autores notaram que o desenvolvimento de anticorpos IgE específicos para a soja foi raro. Com base nesse e em outros estudos, o uso de fórmulas à base de soja é normalmente recomendado somente para os casos de alergia ao leite de vaca IgE positivos e que nunca receberam soja. Quando o alto custo limita o uso de eHPF, pode-se usar fórmulas à base de soja em casos de alergia ao leite de vaca menos graves e não mediados por IgE, considerando o risco de indução à alergia também à soja, conforme descrito acima.

 

 Fórmulas diferenciadas: periodicamente existem lançamentos de fórmulas criadas para situações específicas, como por exemplo, com mais fibras para crianças com constipação intestinal ou com ingredientes específicos e levemente hidrolisados para bebês com cólicas. Mas apenas um pediatra ou nutricionista pode recomendar seu uso.

 

 

Texto: Camila Carvalho

 

Referências:

http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/aleitamento_materno_distribuicao_leite.pdf

SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. Manual de Orientação – Alimentação: do lactente ao adolescente. 2ed. São Paulo: SBP, 2008.

http://intranet.ftc.br/upload/137389/220624_AULA%209%20%20F%C3%93RMULAS%20INFANTIS%20-%202011.2.pdf

http://bebe.abril.com.br/materia/formulas-infantis-quando-e-como-elas-devem-ser-usadas

http://www.moreirajr.com.br/revistas.asp?fase=r003&id_materia=3594

http://www.moreirajr.com.br/revistas.asp?id_materia=5849&fase=imprime

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S002175572007000100004&lng=pt&nrm=iso&tl..

 

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