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Herpes no Recém Nascido

        Os vírus do herpes simples (HSV tipos 1 e 2) podem causar infecção genital e ser transmitidos pela mãe ao feto ou recém-nascido. Essa infecção pode ocorrer intra-útero (raro), intraparto (mais frequente) ou pós-natal. Além disso, a taxa de transmissão pelo HSV depende do momento em que a mãe contrai a infecção primária, visto que se essa infecção primária ocorrer bem próximo ao trabalho de parto, as taxas de transmissão podem chegar a 50% nos partos por via vaginal. Em contraste, nos casos em que a infecção é recidivante, a taxa de transmissão materna é em torno de 3 a 5%.

        A infecção neonatal pelo herpes é uma ameaça à vida, podendo manifestar-se clinicamente como uma doença neurológica isolada, uma doença disseminada ou acometer isoladamente a pele e os olhos do recém-nascido, como detalhado abaixo:

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  • Infecção grave do tipo sepse neonatal precoce: acomete múltiplos órgãos, com manifestações hemorrágicas, anemia, desconforto respiratório, convulsão, cianose.

  • Recém-nascido com encefalite: distúrbios neurológicos graves que podem estar associadas a lesões vesiculosas mucocutâneas. Normalmente evoluem com sequelas como microcefalia e cegueira.

  • Recém-nascido com lesões em boca, olhos e pele. Essas lesões aparecem usualmente na segunda semana de vida, manifestando-se como vesículas agrupadas.

     

     O diagnóstico pode ser realizado através do exame materno, buscando-se lesões genitais ou anais sugestivas de herpes. Além disso, pode-se realizar sorologia com anticorpos IgM para HSV pelo método Elisa (demora até 3 semanas), ou PCR no sangue ou líquor.

       O tratamento é feito realizando-se uma terapia de suporte e, nos casos com encefalite, administra-se aciclovir IV a cada 8 horas. Além disso, é extremamente importante solicitar parecer de um oftalmologista nos casos de herpes ocular. Cerca de 70% das crianças com doença limitada a pele, olho ou boca vão evoluir com encefalite ou doença disseminada, se não tratadas. A duração do tratamento varia de 21 dias (doença disseminada e infecção do sistema nervoso central) a 14 dias (doença de pele, boca e olhos).

       Mesmo com o tratamento, a morbidade permanece elevada e as sequelas neurológicas, a longo prazo, nos sobreviventes à encefalite e da doença disseminada são frequentes. Por esse motivo, a profilaxia e a orientação correta da gestante é fundamental.

 

Texto: Camila Cunha Carvalho

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Referências:

Tratado de Pediatria: Sociedade Brasileira de Pediatria – 2.ed. – Barueri, SP: Manole, 2010.

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