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Hipotireoidismo na Criança

 

 

      Hipotireoidismo é uma condição na qual a glândula hipófise não produz quantidades suficientes de hormônios importantes: os hormônios tireoidianos (HT), os quais são necessários para o crescimento e desenvolvimento normal desde a vida fetal. Sua produção insuficiente ou sua ação inadequada em nível celular ou molecular levam ao hipotireoidismo. Esses hormônios são necessários para o desenvolvimento do cérebro na vida fetal e pós-natal. Atualmente, com a triagem neonatal, neonatologistas e pediatras podem evitar danos irreversíveis com tratamento precoce. Também devem estar atentos para disfunções como as do hipotireoidismo subclínico e tireoidite de Hashimoto, que podem provocar danos não só no crescimento, mas também no desenvolvimento neurológico e psicológico destas crianças e adolescentes.

 

Clínica

    O reconhecimento precoce dos aspectos clínicos na situação de deficiência de HT é da maior importância e considerado emergência pediátrica entre os recém-nascidos. 

 

• Sinais no recém-nascido:

Os sinais mais precoces são: icterícia prolongada ou recorrente, atraso na queda do funículo umbilical e hérnia umbilical. O choro é rouco, e os sons emitidos são graves. Nos primeiros meses, outros sinais tornam-se presentes: dificuldade alimentar, ganho de peso insuficiente, respiração ruidosa, congestão nasal, distúrbios respiratórios, obstipação, letargia, pele seca, fria, pálida e com livedo reticularis. Contudo, esses sinais e sintomas nem sempre se apresentam de modo evidente, podendo-se perder um tempo precioso para o início do tratamento. Daí a importância dos testes laboratoriais em berçário. Há atraso do desenvolvimento e do crescimento, e suas proporções corpóreas são desarmônicas, os membros inferiores são curtos se comparados ao tronco.

 

• Sinais na criança e no adolescente:

Quando o hipotireoidismo é adquirido, com início mais tardio, o retardo mental pode ser menos evidente, porém o crescimento será afetado e estas crianças terão atraso da maturação óssea, ou seja, atraso de idade óssea (IO). No adolescente, o hipotireoidismo pode exteriorizar um quadro clínico de evolução mais lenta, com fadiga, dificuldades escolares, obstipação intestinal, pele e cabelos secos, queda de cabelo, unhas quebradiças, intolerância ao frio e apetite diminuído, ressaltando-se que a obesidade não é característica do hipotireoidismo. As meninas podem apresentar irregularidades menstruais, sendo que o aumento do fluxo é mais comum do que amenorréia.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

      Quando o hipotireoidismo fica sem tratamento, a longo prazo surgem alterações físicas mais profundas. A pele torna-se cérea, pálida ou amarelada por impregnação do caroteno. Pode surgir o mixedema por acúmulo de mucopolissacarídeos no tecido celular subcutâneo e outros tecidos. Há lentidão dos movimentos e dos reflexos osteotendíneos.  Outras alterações endócrinas podem acompanhar o hipotireoidismo. O adolescente pode apresentar infantilismo sexual. Paradoxalmente, alguns podem apresentar puberdade precoce.

 

      Vale ressaltar que o diagnóstico precoce da doença permite que se inicie um tratamento adequado e efetivo, evitando, assim, danos no desenvolvimento e no crescimento da criança, motivo pelo qual no Brasil, o hipotireoidismo faz parte das doenças testadas na triagem neonatal (no famoso "teste do pezinho"). O acompanhamento pediátrico da criança também é essencial, e no caso de dúvidas ou surgimento de sintomas, é fundamental consultar um pediatra.

 

Texto: Camila Cunha Carvalho.

 

Referências:

SETIAN, Nuvarte. Hipotireoidismo na criança: diagnóstico e tratamento. J. Pediatr. (Rio J.), Porto Alegre , v. 83, n. 5, supl. p. S209-S216,Nov. 2007 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0021-75572007000700013&lng=en&nrm=iso>. access on 09 Sept. 2015. http://dx.doi.org/10.1590/S0021-75572007000700013.

http://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/hypothyroidism/basics/symptoms/con-20021179

Representação de um lactente com hipotireoidismo não tratado.

Criado para projeto PID UFCSPA

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