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Atraso Puberal

       A puberdade é caracterizada como uma sequência de transformações biológicas determinadas pelo eixo hipotálamo-hipófise-gonadal, resultando no aumento da velocidade de crescimento (“estirão”), associado ao desenvolvimento de características sexuais secundárias.

     Conceitualmente, nas meninas, o atraso puberal é considerado quando há ausência da telarca (surgimento de broto mamário) após os 13 anos, da pubarca (surgimento de pelos pubianos) após os 14 anos, ou da menarca (primeira menstruação0 após os 16 anos. Já nos meninos, é considerado quando há ausência de pubarca após os 14,5 anos ou ausência de volume testicular após os 14 anos.

         A etiologia do atraso puberal é variada, podendo ocorrer devido a uma alteração da maturação do eixo hipotálamo-hipófise- gonadal (atraso puberal constitucional), por hipogonadismo hipogonadotrófico, hipogonadismo hipergonadotrófico, entre outras.

         Ao avaliar uma criança com suspeita de atraso puberal, deve-se investigar a história familiar, anosmia (perda do olfato), doenças crônicas, estado nutricional e atividade física. Além disso, no exame físico deve-se observar o crescimento, a possível presença de características que possam ser relacionadas à síndromes, a aferição da pressão arterial, a palpação da tireoide e o estadiamento sexual da criança, que é feito pela escala de Tanner (veja abaixo). Exames complementares podem auxiliar no diagnóstico, devendo ser solicitadas de acordo com o raciocínio clínico realizado em cada caso.

        O médico deve realizar um tratamento com o objetivo de tentar induzir o desenvolvimento puberal adequado, o estirão do crescimento, a incorporação de massa óssea mineral, a manutenção da função sexual e, sempre que possível, da fertilidade. Dependendo do sexo e da faixa etária, pode-se iniciar a terapêutica hormonal substitutiva adequada. Nos meninos, por exemplo, essa terapêutica ocorre com o uso de testosterona de depósito após os 13 ou 14 anos de idade.

        É extremamente importante tranquilizar e informar corretamente os pais e o paciente, principalmente nos casos de atraso puberal constitucional, sendo necessário o acompanhamento cuidadoso desses pacientes, uma vez que o tratamento hormonal é extenso (em torno de 3 a 6 meses) e deve ser rigorosamente observado clinicamente. Além do auxílio médico adequado, em muitos casos o auxílio psicológico é fundamental, visto que se trata de uma faixa etária em que se instala a

conformação com a imagem corporal, a qual apresenta um papel importante na prevenção de fatores de risco, tais como o isolamento social e o uso de esteroides anabolizantes.

Texto: Camila Cunha Carvalho

Referência:

Tratado de Pediatria: Sociedade Brasileira de Pediatria – 2.ed.

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