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VIII Congresso Gaúcho de Atualização em Pediatria

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O VIII Congresso Gaúcho de Atualização em Pediatria ocorreu entre os dias 30 de abril e 02 de maio de 2015, na PUCRS. Foram tratados temas importantes relacionados à saúde da criança e do adolescente, tais como desenvolvimento infantil, vacinas e alimentação. Confira aqui alguns dos tópicos discutidos.

 

 

O Novo Currículo da Residência:

O prof Jefferson Piva explicou os pontos principais do novo currículo da Residência de Pediatria, que já foi implementado em alguns hospitais em 2013 e 2014. No RS o único hospital que já aderiu ao novo currículo é o Hospital de Clínicas de Porto Alegre, porém a previsão é que até 2018 todos os hospitais do Brasil tenham o currículo novo. A principal mudança é o tempo de duração da residência, que passa de 2 para 3 anos. Com isso, pretende-se aprimorar a formação dos residentes nas áreas de desenvolvimento, adolescência, e urgência e emergência. O prof Jefferson destacou, ainda, a proposta da SBP de realizar a prova TEP, que avalia o conhecimento dos residentes, de forma seriada, ao final de cada ano da residência, em vez de uma prova única ao final do terceiro ano.

 

 

Pneumonias Atípicas:

A palestra do dr Leonardo Araújo Pinto abordou o tema "Pneumonias Atípicas", que são aquelas pneumonias causada por germes atípicos, como Mycoplasma e Clamídia. Essas pneumonias são mais frequentes em crianças na idade escolar e adolescentes, e tendem a ter um curso menos grave e mais arrastado. Nesses casos, o tratamento é feito com um antibiótico da classe dos macrolídeos. O dr Leonardo salientou também a importância de realizar o diagnóstico diferencial com pneumonias virais, principalmente em crianças pré-escolares. A suspeita de uma etiologia viral pode ser feita pela presença de sibilância associada à consolidação.

 

 

Pais Tabagistas: Como Abordar?

O dr GIlberto Bueno FIscher deu grandes dicas para abordar o tema tabagismo com os pais. Segundo ele, é imprescindível perguntar aos pais se há alguém fumante em casa, e no caso de a resposta ser positiva, é necessário dar abertura para os pais falarem sobre este assunto. O papel do profissional de saúde é oferecer apoio na decisão de parar de fumar, algo essencial para a saúde das crianças. É importante também lembrar aos pais que eles não devem fumar dentro do carro, pois o ambiente fechado expõe mais a criança à fumaça.

 

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Desafios em Imunização: Novas Recomendações do Calendário de Vacinação Infantil

O dr Juarez Cunha falou sobre todas as vacinas do calendário de vacinações de 2015. Aqui destacamos os principais aspectos abordados por ele:

 

*DTP e dT/dTpa: É recomendado que todas as gestantes e os adultos que têm contato com recém-nascidos realizem uma dose da vacina tríplice acelular devido ao ressurgimento da coqueluche. 

*Pólio: A OMS recomenda a retirada gradual da vacina oral (em gotinhas) devido à circulação do vírus vacinal. A partir de 2019 deve ser mantida apenas a vacina inativada (em injeção),

*Gripe: Foi destacada uma nova vacina da gripe, agora tetravalente, que está disponível este ano. Esta nova vacina protege contra 4 tipos de Influenza: A H1N1, A H3N3, e dois tipos de Influenza B.

 

 

Alterações Genitais no RN, na Criança e no Adolescente:

O dr Gil Guerra-Junior falou sobre os Distúrbios da Diferenciação do Sexo (DDS). Aqui, o principal é destacar os sinais de alerta para DDS, que são:

-Ambiguidade genital

-Não concordância entre o cariótipo e a genitália externa

-Ausência de mamas até os 13 anos com o FSH aumentado

-Ausência de menstruação até os 14 anos (independente da presença de mamas)

-História Familiar de DDS

-Infertilidade masculina com FSH aumentado.

O Dr Gil salientou, ainda, que ao avaliar e tratar um paciente com DDS é importante evitar tabus, orientar os pais a adiar o registro civil até que o sexo seja definido, encaminhar para uma equipe multidisciplinar e examinar a criança na frente dos pais, mostrando as alterações.

 

 

Obesidade e Síndrome Metabólica na Criança e no Adolescente:

O dr Artur Figueiredo Delgado alertou para a incidência crescente de obesidade e síndrome metabólica na faixa etária pediátrica. Ele destacou que o excesso de aporte de nutrientes e, principalmente, proteínas nos primeiros meses de vida contribui para o desenvolvimento de sobrepeso, obesidade e síndorme metabólica. Para evitar essas doenças, é essencial encorajar o aleitamento materno, promover alimentação saudável e atividade física, limitar o tempo de exposição às telas (televisão, computadores, tablets) e modificar hábitos familiares a fim de reduzir o peso e o IMC.

 

 

Introdução de Alimentos:

A dra Débora Duro falou sobre introdução de alimentos para lactentes. O objetivo de introduzir alimentos além do leite materno é estimular o desenvolvimento oro-motor da criança e fornecer o aporte necessário de nutrientes para o seu desenvolvimento. A introdução de alimentos deve ser feita aos 6 meses de idade ou quando a criança começar a sentar e sustentar a cabeça, quando tem capacidade de deglutir e quando começa a explorar a boca. É importante introduzir os alimentos na hora certa, pois tanto a introdução precoce quanto tardia podem trazer prejuízos para a criança. A dra Débora destacou, ainda, que não há evidências que sugiram a introdução de um determinado alimento antes de outro e que, mesmo que a criança tenha risco de atopias, alimentos como ovo, peixe e amendoim podem ser introduzidos aos 6 meses. Por fim, o leite de vaca não deve ser oferecido antes de a criança completar 12 meses, e a partir dos 9 meses o bebê já pode comer a comida que os familiares comem, desde que na consistência e quantidade adequadas para sua faixa etária.

 

 

Microbioma, Pré-bióticos e Tolerância Oral: Qual a Relação?

A dra Ariana Yang falou sobre o crescimento importante das alergias que vem ocorrendo nos últimos anos, principalmente das mais graves. Este crescimento se relaciona com o aumento do número de partos cesárea e a redução do aleitamento materno, ambos fatores que aumentam o risco para atopias. Ela explicou que o novo paradigma das alergias considera três fatores principais para o desenvolvimento de atopias: ambiente, epigenética e microbioma. Assim, é necessário intervir em pelo menos um destes fatores para prevenir o desenvolvimento de alergias. Com relação ao ambiente, o principal é escolher o mais fisiológico; ou seja, estimular o aleitamento materno. Quando ele não é possível, oferecer fórmulas infantis e no caso de a criança ter história familiar de atopias, oferecer fórmulas parcialmente hidrolisadas. Com relação ao microbioma, o ideal é oferecer pré-bióticos, que são substâncias que servem de alimento para algumas bactérias intestinais e têm o potencial de reduzir o risco de alergias. Estas substâncias estão presentes em grandes quantidades no leite materno e também em algumas fórmulas infantis.

 

 

Crianças, Internet e Limites: 

A psicóloga Juliana Potter falou sobre a adição à tecnologia, fenômeno que vem crescendo nos últimos anos entre a faixa etária pediátrica. Ela salientou alguns pontos importantes para evitar este problema, sugerindo que os pais orientem as crianças quanto ao uso da internet, explicando seus riscos e benefícios e como eles devem se portar naquele ambiente. Além disso, é importante estimular a convivência em família, participando das escolhas dos filhos e conhecendo e demonstrando interesse pelas tecnologias que a criança utiliza. Ainda, é importante não ser autoritário demais nem permissivo demais, impondo alguns limites como em relação à hora de dormir e à alimentação.

 

 

Mesa Redonda Sobre Desenvolvimento Infantil:

O dr Michel Bovin, dr Marcio Leyser e dr Ricardo Halpern discutiram os principais pontos do desenvolvimento infantil neste espaço do Congresso. Eles destacaram que 15% das crianças não têm um desenvolvimento normal, e, destes, apenas 30% são diagnosticados em idade pré-escolar. Nessa situação, o diagnóstico precoce é essencial, pois é necessário ter tempo de intervir para minimizar os prejuízos no futuro. Os palestrantes falaram, ainda, sobre fatores de proteção ao desenvolvimento, tais como aprendizado, afeto, auto-motivação e boa resposta ao estresse. É importante que o profissional de saúde esteja atento ao desenvolvimento da criança e, se necessário, o pediatra pode utilizar instrumentos de triagem como a escala de Denver II para identificar possíveis atrasos no desenvolvimento. 

 

 

TCE na Criança:

O dr Francisco Bruno falou sobre o traumatismo craniano na criança. Ele destacou que 80% dos TCEs que ocorrem nessa faixa etária são leves e que ocorrem principalmente devido a quedas. A principal forma de avaliar estes paciente é com anamnese e exame físico completo, porém a escala de glasgow é uma boa ferramenta para definir conduta nesses pacientes, de modo que:

-Pacientes com glasgow 15: podem ser liberados para casa com orientação de retornar à emergência caso necessário

-Pacientes com glasgow entre 13 e 14: devem ser observados na emergência por algumas horas, porém não precisam necessariamente realizar exames complementares

-Pacientes com glasgow entre 9 e 12: devem realizar TC de crânio o quanto antes e ser encaminhados para internação

-Pacientes com glasgow igual ou menor que 8: devem realizar TC de crânio com urgência e serem encaminhados para internação em UTI.

 

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O Que Podemos Aprender das Coortes de Pelotas?

O dr Bernardo Horta mostrou alguns dos resultados encontrados pelo grupo de pesquisa de Pelotas, que tem uma coorte importante. Alguns dos achados são:

-Maior tempo de amamentação levou a um maior QI, mesmo quando corrigidos os dados para escolaridade materna e renda familiar;

-Não foi observada diferença de porcentagem de crianças em aleitamento materno entre as diferentes faixas de renda, o que difere de dados internacionais;

-Não foi observada relação entre amamentação, IMC e pressão arterial, contrariando estudos estrangeiros;

-Amamentação levou ao aumento de QI, que levou a um aumento de escolaridade, resultando a uma maior renda aos 30 anos.

 

 

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